Explorando as profundezas da DeFi

fevereiro 10, 2023

Para compreender os princípios diferentes subjacentes a empréstimos, riscos, negociações e outras estruturas financeiras na DeFi, é necessário primeiro compreender os princípios básicos das finanças descentralizadas. Neste artigo, abordaremos os princípios e os conceitos básicos da DeFi.

Aplicações de contratos inteligentes

Contratos inteligentes são acordos autoexecutáveis escritos em linhas de código em blockchains, como o Ethereum. Quando as condições de um contrato são cumpridas, eles usam uma lógica condicional embutida (ou seja, “se isso acontecer, então aquilo também acontece”) para executá-lo. Eles mantêm as regras para estabelecer as condições de um contrato, validam automaticamente o cumprimento e executam os termos e condições acordados.

Um contrato inteligente elimina a exigência da confiança porque os termos são codificados: você não precisa conhecer nem confiar na outra parte da transação. Eles podem funcionar sem a assistência de advogados, notários ou outros agentes, pois são contratos autônomos e de execução automática.

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Devido ao fato de os contratos inteligentes serem criados e implementados dentro das blockchains, eles herdam as qualidades básicas de imutabilidade e disseminação dessas tecnologias.

Os contratos inteligentes, a base das finanças descentralizadas, são criados em várias linguagens de programação (inclusive Solidity, Web HYPERLINK “https://webassembly.org/”Assembly, e Michelson). Quando um contrato inteligente recebe fundos de um usuário, o código é executado por todos os nós da rede para chegar a um consenso sobre a conclusão e o fluxo de valor resultante. Isso permite que contratos inteligentes sejam executados com segurança sem qualquer autoridade central, mesmo quando os usuários realizam transações financeiras sofisticadas com empresas desconhecidas.

Com o advento da DeFi, há uma demanda maior por auditorias de segurança, pois isso aumenta a possibilidade de hacking. As auditorias de contratos inteligentes podem ser realizadas manual ou automaticamente. Empresas como Certik, Chainsulting e OpenZeppelin, entre outras, examinam o software de contrato inteligente em busca de vulnerabilidades e problemas de segurança para garantir que o projeto seja seguro para uso público.

Moedas estáveis

A volatilidade da criptomoeda pode ser assustadora para o público em geral. Moedas estáveis são a espinha dorsal do ecossistema DeFi justamente por esse motivo. É responsabilidade delas reduzir a incerteza e manter o sistema estável. Isso é feito atrelando-se a uma moeda como o dólar norte-americano. A primeira moeda estável centralizada a ser publicada foi Tether (USDT). Um processo de colateralização excessiva cria moedas estáveis descentralizadas, executadas totalmente em razões gerais descentralizadas, regidas por organizações autônomas descentralizadas, com as reservas podendo ser auditadas por qualquer um. 

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No mundo da DeFi, Dai, Uniswap, Avalanche e Aave são algumas das moedas estáveis descentralizadas mais populares. 

Quando o preço da criptomoeda subjacente fica abaixo de um limite específico, as moedas estáveis são liquidadas imediatamente. Como podem ser convertidas rapidamente no ativo subjacente, elas podem proporcionar mais liquidez do que as moedas estáveis lastreadas em commodities. Muitas criptomoedas normalmente contam com eles para distribuir o risco.

TVL (Valor Total Bloqueado)

A capitalização de mercado costuma ser amplamente considerada uma medida do desempenho de um projeto, portanto, é lógico usar essa métrica para avaliar o desempenho da DeFi. No entanto, a capitalização de mercado de um protocolo DeFi demonstra essencialmente a aceitação do protocolo por parte de investidores ativos e passivos. Por outro lado, o TVL (Total Value Locked, Valor total bloqueado) é um indicador claro do desempenho de um protocolo no domínio DeFi. É a soma de todos os ativos depositados em um protocolo DeFi que gera atividade econômica, como empréstimos, provisões econômicas, gestão de ativos ou seguros. O indicador do valor total bloqueado é usado para avaliar a saúde geral do mercado DeFi. Ele funciona como uma estatística útil e direta para analisar a popularidade de um projeto identificando uma estimativa do número de usuários ativos mensais. Um protocolo DeFi com um TVL mais alto tem mais dinheiro ligado à plataforma. Já um TVL menor indica claramente uma escassez de capital, o que, em última análise, significa rendimentos menores para os clientes.

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Plataformas analíticas, como DeFi Llama, podem ajudar a encontrar o TVL para um determinado protocolo de finanças descentralizadas. Essas plataformas oferecem uma análise detalhada do valor total bloqueado em protocolos DeFi em todo o mundo. Os protocolos DeFi com o maior volume de criptoativos empenhados nas plataformas são facilmente identificados.

Carteiras digitais

Carteiras digitais são programas de computador que guardam chaves públicas e privadas e se conectam a redes blockchain, o que permite verificar saldo, movimentar dinheiro e executar outras funções. Quando alguém envia criptomoedas, a pessoa está basicamente transferindo a propriedade das moedas para o endereço da carteira. A chave privada na carteira deve corresponder ao endereço público. Se a chave pública e privada coincidirem, o saldo da suacarteira digital aumentará, e a do remetente diminuirá. O dinheiro não é trocado fisicamente. Para concluir a transação, basta um registro da transação na rede e uma mudança no saldo da criptocarteira.

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As carteiras são classificadas em dois tipos: com e sem custódia. Carteiras de custódia são aquelas nas quais terceiros retêm e gerenciam as criptomoedas em seu nome. Já as carteiras sem custódia dão controle e acesso completos aos criptoativos. Ao utilizar uma carteira de custódia, você confia em terceiros, como um CEX (Centralized Exchange, Câmbio centralizado), para manter o dinheiro em segurança. Confiar a criptomoeda a terceiros coloca você sob risco do curador da custódia perder a criptomoeda por má administração ou hacking.

Ao usar uma carteira não custodiada, você é totalmente responsável por manter suas criptomoedas seguras e protegidas. No entanto, ao utilizar uma carteira não custodiada, você transfere a responsabilidade pela segurança para si mesmo e deve estar bem preparado para manter suas chaves privadas protegidas. Você perderá o acesso às suas criptomoedas se perder suas chaves privadas.

Os usuários detentores das chaves privadas podem fazer isso em uma carteira quente ou fria.

Carteira quente é uma carteira de software sempre on-line e conectada à Internet, como MetaMask, Phantom, imToken, Trust Wallet, TokenPocket, Rainbow e Coin98. Por outro lado, uma carteira fria não está vinculada à Internet. Carteiras de hardware, como Trevor ou Ledger, armazenam chaves off-line, proporcionando uma segurança que as carteiras quentes não conseguem.

Três métodos comuns para investir na DeFi 

  • Negociação de ativos DeFi Em termos de rentabilidade total, negociar ou investir em ativos DeFi representa a proposição mais viável neste setor. As pessoas podem negociar por participações de longo ou curto prazo em DEX (Decentralized Exchanges, Câmbios descentralizados) sem custódia, como Uniswap, SushiSwap e Bancor.

Quando surge uma oportunidade assim, e as condições de negociação são favoráveis, alguns usuários investem comprando na baixa e vendendo na alta.

Outros têm mais chances de estarem entre os primeiros a participar de um projeto recém-lançado. As pessoas que entendem como contratos inteligentes funcionam e são capazes de dizer se um projeto é legítimo ou não simplesmente lendo-os  podem se dedicar profissionalmente a distinguir entre iniciativas bem-sucedidas e golpes. A motivação é muito maior nessa situação, já que os investidores pagam taxas de pré-venda por tokens que podem aumentar de 5 a 10 vezes após serem listados nas DEX.

Por fim, temos uma comunidade de day traders que compram e vendem ativamente tokens com as menores margens de lucro. Para essas pessoas, um aumento de preço de 20% é suficiente porque desejam repetir o desempenho pelo menos algumas vezes durante o dia.

  • Cultivo de rendimentos (Yield Farming)

Quer ganhar dinheiro sem precisar trabalhar? Nada supera ganhar dinheiro sem ter que fazer algo benéfico para os outros. No espaço DeFi, o cultivo de rendimentos é a maneira mais direta de ganhar dinheiro sem trabalhar. 

O cultivo de rendimentos, também conhecido como mineração de liquidez, investe criptomoedas existentes de um usuário para ganhar mais. A técnica exige que os investidores invistam uma parte das participações em um pool de liquidez baseado em contrato inteligente, do qual os fundos serão redistribuídos para outros projetos por meio de protocolos DeFi. As tarifas de uso são repassadas ao usuário como recompensas.

O processo é fundamentalmente comparável a um banco comum, no qual um usuário pode depositar fundos tradicionais. A principal distinção é que há menos intermediários que reduzirão o pagamento de juros de um usuário ao longo do caminho. Os usuários podem ganhar dinheiro extra diretamente proporcional ao saldo de ativos existente.

Um cultivador de rendimentos tenta obter o rendimento máximo ao entrar no mercado de liquidez. Com frequência, eles mudam de um protocolo de liquidez para outro em busca dos melhores preços.

Em vez de vasculhar manualmente muitos pools, os usuários DeFi podem utilizar um agregador DeFi para ter acesso a uma grande variedade de câmbios descentralizados e pools de negociação em um único painel, que reúne informações de vários câmbios e criadores de mercado automatizados. Considere-os consultores robôs da DeFi. Yearn.finance, Idle e Beefy são três agregadores conhecidos usados por cultivadores de rendimentos.

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  • Ganho de juros em um protocolo de empréstimo 

Empréstimo é um dos casos de uso DeFi de mais destaque quando avaliado segundo TVL. O desejo dos usuários de emprestar e tomar emprestado criptoativos é apoiado por plataformas de empréstimo descentralizadas. A velha abordagem é virada de cabeça para baixo por essas plataformas, que permitem a credores e mutuários negociar diretamente entre si, em vez de por meio de intermediários. Os empréstimos DeFi costumam ser supercolateralizados, o que significa que, para cada US$ 1 bloqueado em um protocolo de empréstimo, um usuário pode receber 50 centavos a mais em alavancagem. Os usuários, como credores, não dependem da qualidade de crédito dos mutuários. O crédito funciona mais como um empréstimo na margem: se o valor dos ativos bloqueados no protocolo ficar abaixo de um limite específico, o contrato inteligente vai liquidar instantaneamente esses ativos e reembolsar o credor. Esse tipo de empréstimo funciona bem para traders à procura de alavancagem para aumentar os retornos – um grande mercado.

Nas redes de empréstimos, taxas de juros variáveis e fixas estão disponíveis. As taxas de juros variáveis flutuam em resposta à demanda por ativos. Por outro lado, as taxas de juros fixas permanecem consistentes, independentemente das condições de mercado.

AAVE era a maior plataforma de empréstimos DeFi do mundo no momento da redação deste artigo, com mais de US$ 4,2 bilhões em ativos. Entre os outros protocolos de empréstimos importantes estão JustLend, Compound Finance e Venus.

A rápida ascensão da DeFi…

O número de protocolos no ecossistema DeFi disparou, e a lista cresce a cada dia. Mark Cuban, que acredita na força e no potencial da DeFi, comparou a ascensão meteórica da DeFi ao “The Early Days of the Internet” momento quando os aplicativos começaram a aparecer aqui e ali. Uma análise completa de todos os protocolos DeFi está além do escopo deste artigo, mas a imagem abaixo de 101blockchains.com faz um excelente trabalho de compilação dos protocolos principais.

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O caminho a seguir para DeFi:

As tecnologias DeFi atuais são inadequadas para o uso financeiro generalizado. Se quiserem incluir a DeFi em suas ofertas aos clientes, as empresas precisarão implementar medidas de segurança iguais ou até mais rígidas do que as que foram aprimoradas ao longo dos anos no setor financeiro. 

A identidade digital é um aspecto da DeFi que fez e continuará fazendo progressos significativos no futuro próximo.

Muitas organizações e empresas se esforçam para atingir o objetivo de identidades autossustentáveis on-chain, inclusive BrightID, Identity.com, SelfKey e Sovrin. Elas são todas provisionadas pelos usuários, o que significa que eles têm total liberdade sobre quais informações são compartilhadas e com quem.  O Bloom, por exemplo, é uma solução de verificação, compartilhamento e agregação de dados privado. Os vários atestados da Bloom devem ser globais e invioláveis, permitindo aos usuários interagir com os serviços DeFi que exigem a identificação do usuário. O crédito é a principal meta da equipe Bloom, que pretende usar esses registros para oferecer classificações de crédito, KYC (Know Your Customer, Conheça seu cliente), integração de contas e acesso financeiro.  A Blockpass, com o seu token utilitário PASS, foi outra entre as primeiras a adotar o KYC on-chain para empresas regulamentadas.

Esses avanços na identificação digital, com a clareza na conformidade regulatória, as proteções de segurança cibernética e a tokenização de ativos do mundo real, devem abrir caminho para um eventual uso mainstream…

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