Consolidar grandes volumes de dados, garantir sua qualidade e ainda responder com agilidade às mudanças regulatórias: esse é o desafio que o setor financeiro enfrenta diariamente.
Em um contexto em que os modelos tradicionais de dados começam a mostrar seus limites, o Datamesh se destaca como uma proposta concreta para transformar a forma como os dados são organizados, acessados e utilizados em escala.
Mais do que uma tendência, o Datamesh representa uma mudança estrutural. A abordagem, introduzida por Zhamak Dehghani no artigo “How to Move Beyond a Monolithic Data Lake to a Distributed Data Mesh”, propõe um modelo descentralizado que trata os dados como produtos e distribui sua gestão por domínios de conhecimento.
Na Globant, vemos esse movimento como essencial para destravar valor de negócio, escalar inovação e acelerar o impacto da transformação digital.
Expandindo a maturidade em dados com Datamesh
Mais do que uma mudança técnica, o Datamesh representa uma transformação na forma como as organizações pensam sobre dados: de ativos centralizados para produtos vivos, com responsabilidade clara, valor mensurável e integração ao negócio.
Essa abordagem também favorece a colaboração entre áreas, pois estimula uma visão de dados como parte essencial de processos, produtos e decisões. A atuação por domínio torna as iniciativas mais conectadas à realidade da operação e, ao mesmo tempo, sustentadas por uma base técnica padronizada.
Nos projetos em que aplicamos esse modelo, observamos avanços na fluidez entre tecnologia e negócio, redução do tempo de entrega de novos produtos analíticos e maior aderência das soluções às necessidades reais dos usuários. É uma jornada que exige ajustes culturais, mudanças organizacionais e investimento em governança, mas que entrega valor de forma contínua.
Além disso, o Datamesh abre caminho para que empresas adotem de forma mais estruturada tecnologias como IA generativa, automação e inteligência preditiva. Quando os dados fluem com qualidade e contexto, torna-se possível escalar a inovação com muito mais segurança.
O que é Datamesh na prática?
Ao adotar o Datamesh, as organizações passam a estruturar seus dados com base em quatro pilares:
- Domínios descentralizados: cada área de negócio é responsável por seus dados, com contexto, agilidade e ownership claro.
- Dados como produto: não se trata apenas de armazenar, mas de oferecer dados com qualidade, documentação, SLA e responsáveis definidos.
- Plataformas self-service: infraestrutura padronizada e acessível para que os times produzam e consumam dados sem fricção.
- Governança federada: um modelo que equilibra autonomia com consistência, com diretrizes comuns aplicadas em todos os domínios.
Esse modelo se conecta diretamente com as necessidades das instituições financeiras. Em um ecossistema onde a pressão por inovação é alta e a regulação é rigorosa, a capacidade de distribuir responsabilidades e acelerar respostas é fundamental.
Limitações dos modelos tradicionais
Modelos centralizados têm seu valor, mas apresentam limitações importantes, principalmente quando a organização cresce. É comum que bancos e seguradoras enfrentem:
- Gargalos em equipes centrais sobrecarregadas
- Falta de visibilidade sobre a origem e uso dos dados
- Dificuldade para escalar produtos baseados em dados
- Riscos relacionados à qualidade de dados, já que quem governa nem sempre conhece o contexto
Já vimos essas barreiras em projetos que envolvem sistemas de dados complexos, como os que suportam operações de crédito, análises de risco e plataformas de open finance. E é por isso que temos olhado para o Datamesh como uma abordagem que amplia a maturidade analítica e organizacional dos nossos parceiros.
Aplicando Datamesh ao setor financeiro
Ao implementar Datamesh com clientes do setor financeiro, percebemos ganhos concretos em:
- Descentralização no core bancário
Com dados organizados por domínio, áreas como risco, crédito, tesouraria e canais digitais ganham mais autonomia para evoluir seus produtos e responder rapidamente a mudanças regulatórias e de mercado. - Agilidade com conformidade
Datamesh facilita a adaptação a novas regras sem precisar alterar todo o ecossistema de dados. Cada domínio aplica mudanças de forma responsável e coordenada. - Qualidade e contexto
Com domínios especializados, os dados financeiros passam a ser tratados com mais contexto, aumentando sua confiabilidade e relevância. - Inovação acelerada
Dados como produto se tornam base para novas iniciativas digitais, como personalização de serviços, esteiras de IA ou precificação dinâmica. - Integração real
Ao combater os silos, conseguimos entregar uma visão transversal que conecta jornadas e melhora a tomada de decisão em toda a organização.
Como estruturamos essa evolução
Na Globant, atuamos desde a avaliação de maturidade e desenho de domínios até a implementação de plataformas, indicadores e governança para Datamesh. Combinamos nossa experiência em gestão de dados, engenharia, design e regulação para acelerar a transformação dos nossos clientes.
Fazemos isso com foco em:
- Arquitetura de dados resiliente e escalável
- Modelos que garantem qualidade de dados e integração entre domínios
- Orquestração eficiente de sistemas de dados orientados a produto
- Apoio constante na formação de times e evolução de cultura
Encerrando o ciclo com maturidade e visão de futuro
Ao transformar dados em ativos de domínio, entregues com qualidade e alinhados ao negócio, o Datamesh redefine não apenas a arquitetura técnica, mas também a cultura analítica das organizações. Esse modelo permite que instituições financeiras avancem de forma sustentável na sua jornada de dados, com mais clareza sobre responsabilidades, maior eficiência operacional e maior velocidade para inovar.
O momento é de transição: sair de modelos centralizados e reativos para uma estrutura mais distribuída, colaborativa e orientada a produtos de dados. É esse movimento que posiciona o Datamesh como peça-chave para o futuro da gestão de dados no setor financeiro.